O ano de 2020 trouxe uma série de desdobramentos, que
resultaram em uma nova realidade devido a pandemia, sobretudo em relação ao
varejo, que fechou as portas por quase cinco meses ou migrou rapidamente para o
e-commerce.
Segundo um levantamento da agência Boa Vista, as vendas
encolheram 41% no Dia das Mães em 2020 se comparado à mesma data festiva do ano
passado. “O Dia dos Namorados, em 2020, também trouxe resultados parecidos com
as quedas apresentadas no Dias das Mães”, analisa o professor Victor Corazza
Modena, da IBE Conveniada FGV.
Em dados apresentados pela Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o comércio deve contratar 20% menos
colaboradores temporários do que no Natal de 2019.
Para o professor, as contratações em menor número
refletem a demanda inferior à do ano anterior. Porém, ele avalia que o mercado
virtual pode ser o contraponto na tendência negativa de consumo. “É o mesmo
cenário que nas datas anteriores: a loja física apresenta uma queda, e o
e-commerce um aumento”, pontua.
O especialista em finanças analisa que “há uma tendência
negativa em relação às vendas como um todo e às contratações temporárias para
postos físicos de trabalho, ainda que exista uma tendência positiva de
crescimento do mercado online”.
Segundo pesquisa realizada pelo Score Group e pelo Hibou,
mais de um terço da população não vai chamar muita gente pra cerimônia de Natal
e 48% vai abdicar de viagens. “E além disso, os presentes não devem passar de
quatro ou cinco por comprador, com preço médio de R$100 por presenteado”,
avalia Modena.
Ainda segundo o levantamento, o brasileiro está cada vez
mais se sentindo confortável com compras em ambiente online e o uso do celular
para realizar tais compras está em ritmo crescente. “Um ponto que chama muito a
atenção é que 19% dos consumidores vai comprar de marcas que se posicionaram
durante a pandemia, ou seja, é o propósito da marca chamando a atenção para um
quinto da população”, coloca o professor.
“Os presentes mais baratos ganham preferência (roupas,
sapatos e acessórios), enquanto o queridinho dos Natais passados, o smartphone,
andou perdendo espaço”, pontua o especialista, que opina que “de uma forma geral,
o consumidor deve gastar menos dinheiro que nos Natais anteriores. Os
compradores estão muito afetados pelo contexto da pandemia e pelas incertezas
do mercado, incluindo as dúvidas econômicas”.
Modena conclui dizendo que trocar experiências por produtos
também é uma realidade, uma vez que o distanciamento social barra muitas
possibilidades que envolvem deslocamento. “No cenário brasileiro
indicando crescimento constante no número de inadimplentes, o Natal de 2020
parece ser retomada de seu verdadeiro significado: nascimento, amor, união e
família”, finaliza.
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