Blitzcaling: todos podem ser concorrentes

Nos anos iniciais da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o exército alemão utilizou uma estratégia que ficou conhecida como Blitzkrieg, que em tradução livre do idioma alemão é algo como relâmpago de guerra. O termo Blitzcaling, foi adaptado à rotina do mercado e das empresas.

A primeira vez que blitzkrieg foi utilizada foi em 25 de setembro de 1939. Trata-se de uma publicação da revista norte-americana Time, que cunhou o termo em alemão para explicar a forma como a Alemanha invadiu a Polônia em tempo recorde.

Para a invasão e conquista de territórios que seriam cruciais para a expansão do Terceiro Reich, como França e Polônia, o exército alemão utilizou a tática do blitzkrieg para forçar a vitória ou a rendição do inimigo.

Campanhas que levariam meses para ser finalizadas, cidades e países que só poderiam ser conquistados após semanas de longas batalhas, foram anexados ao território alemão após intensos conflitos que duraram pouco tempo, como o caso da Polônia, que foi completamente dominada em pouco mais de vinte dias.

Blitzcaling: a Blitzkrieg dos dias atuais

Na atualidade, e no dia-a-dia das empresas, podemos entender o blitzcaling como um ato de guerra comercial e concorrencial que ocorre nas movimentações que o mercado faz.

A palavra que descreve a rápida e letal campanha pode ser compreendida hoje nas ações das empresas que aplicam muita energia, investem tempo, alocam talentos e empregam grande quantidade de dinheiro para realizar experiências e testes em busca de ideias disruptivas e inovadoras.

E em muitos casos, essas ações não partem dos concorrentes mais óbvios. Explico: o proprietário de uma padaria não deve apenas olhar para a receita que o padeiro de outro estabelecimento semelhante ao seu está fazendo para inovar, porque pode ser que o cliente prefira o atendimento da loja de conveniência do posto de combustível, mesmo que o preço seja mais salgado.

De igual modo, o gerente de uma loja de roupas de um shopping center não deve olhar menos para lojas virtuais e de comércio eletrônico que para as vitrines do corredor seguinte.

Blitzcaling na prática dos negócios

Alguns cases  de sucesso em nível mundial puderam ser observados nos últimos anos, e tidos como exemplo de blitzcaling: A Amazon deixou de ser uma livraria virtual para empreender no ramo de lojas de departamentos, vendendo todo tipo de produtos, como carrinhos de bebês, sapatos e eletrônicos. 

Depois, resolveu entrar na briga com grandes redes de cinema e com a gigante do streaming Netflix, lançando o Prime Video. E, por fim, arrepiou os cabelos de proprietários de supermercados e hipermercados lançando o Programe e Poupe, um site onde o consumidor escolhe o que quer comprar, quando deve ser entregue em casa, sem custo para clientes Prime, e como pagar.

Outro exemplo de blitzcaling que podemos observar no Brasil veio do banco Itaú, que também investiu em outro mercado, completamente diferente do setor financeiro, e lançou o Bike Itaú, um serviço de transporte e mobilidade urbana que já conquistou clientes nos mais importantes centros do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.

O aluguel de bicicletas pode ser feito por meio de aplicativos e, além de contribuir com a preservação do meio ambiente, permite que o usuário pratique exercício físico no trajeto para a escola, trabalho ou passeio, e economize com viagens feitas por transporte público ou individual por aplicativo. Ruim para as empresas de ônibus, taxistas e motoristas de Uber.

Esses são exemplos reais de blitzcaling no cotidiano do mercado. E se essa tática pode atrapalhar o negócio de gigantes como Netflix, Walmart, Carrefour e Uber, quanto mais de pequenos comerciantes, que dispõe de menos recursos e investimentos em setores estratégicos como P&D e inovação.

Portanto, o empresário deve estar sempre atento às movimentações de todo o mercado para saber os rumos que estão guiando a sociedade.

Como ocorria na blitzkrieg alemã, o “tiro” vem de todos os lados, inclusive de onde você menos imagina. Ou seja, sob a ótica da blitzcaling, seu concorrente pode ser exatamente alguém que não atua no mesmo setor que você, e acabar te surpreendendo.

Ibraim Gustavo é jornalista, escritor e educador, Pós-graduado em MKT e MBA em Comunicação e Mídia

Publicado às 12h17

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